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Antas: as jardineiras das florestas

Foto do escritor: A Vida no CerradoA Vida no Cerrado

Por serem importantes dispersoras de sementes, as antas acabam sendo expostas aos agrotóxicos no seu habitat natural, seja pela ingestão de plantas em contato com o solo ou por contato com água contaminada


Por Anabel Grimm e Araújo, Núcleo de Educação Socioambiental e Comunicação Científica; e Cayo Alcântara, Diretoria da AVINC





A anta (Tapirus terrestris) é o maior mamífero terrestre do Brasil, podendo pesar até trezentos quilos! Espalhada por grande parte do país e por vizinhos sul-americanos, a anta é conhecida como jardineira das florestas. Essa presença extensa, em diversos biomas como Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal, faz com que as antas tenham preferências alimentares variadas. Porém, três elementos são constantes: muitas folhas, fibras e frutos! Essa ampla interação com plantas, através de sua rica dieta herbívora, contribui para que elas sejam conhecidas como jardineiras. Mas de onde especificamente origina essa fama?


A anta é uma jardineira porque ela facilita a dispersão de sementes. Esse fenômeno ocorre quando as sementes são retiradas de perto da “planta-mãe” e são transportadas para outro local. Assim, como nós, seres humanos, e outros animais, as plantas também podem se beneficiar de explorar o mundo e conquistarem sua independência! A dispersão de suas sementes ajuda a maioria das plantas em seus ciclos de vida. Uma das consequências desse transporte é que a semente possa se fixar em um local distante da planta-mãe, onde não tenha que competir com a mesma por luz e nutrientes. A dispersão de sementes ajuda a preservar a biodiversidade das florestas! Mas como a anta facilita esse processo?





A dispersão de sementes pode ocorrer através de diversos fatores, incluindo os animais. Isso pode ocorrer de duas formas principais: as sementes grudam no pelo dos animais e depois se soltam em outro local; ou os animais consomem os frutos das plantas e liberam suas sementes posteriormente. Essa última forma é possível porque as sementes não são destruídas quando passam pelo sistema digestório dos animais, podendo inclusive ganhar vantagens que facilitam sua germinação! Portanto, animais como a anta que adoram se alimentar de partes de plantas e percorrem grandes distâncias, são responsáveis por jardinar as florestas ao fazerem cocô!


É por esse e outros motivos que as antas são conhecidas como espécies guarda-chuva! Porque elas desempenham um papel essencial no ambiente em que ocorrem e, ao protegê-las, garantimos a proteção de diversas outras espécies também! Portanto, a ameaça às antas põe em risco a biodiversidade dos nossos ecossistemas. Esse fato se torna ainda mais preocupante quando olhamos para um estudo publicado pela Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira. Apesar dos impactos ambientais causados pelo uso de agrotóxicos não serem novidade, esta pesquisa aponta que, no Mato Grosso do Sul, antas estão morrendo e sendo afetadas por agrotóxicos utilizados em propriedades agrícolas.





Concluiu-se que as antas estão sendo expostas aos agrotóxicos no seu habitat natural, seja pela ingestão de plantas em contato com o solo ou por contato com água contaminada. Além disso, foram encontrados nos animais, agrotóxicos proibidos no Brasil, como o Aldicarbe. Reconhecer que as antas estão morrendo e sendo afetadas por agrotóxicos utilizados em propriedades agrícolas em algumas partes do Brasil implica em repensar urgentemente as práticas que são usadas na agropecuária brasileira! Estudos já apontam que a aliança com a biodiversidade gera aumento da produtividade agrícola e melhora dos sistemas de produção, além dos benefícios para a conservação da natureza. De tal forma, é urgente que protejamos a anta, grande jardineira da biodiversidade brasileira!





Referências:


GATTI; PINA; e RIOS. Plantando novas ideias (livro eletrônico): a importância dos jardineiros da floresta: Material paradidático para educador: volume 2. Vila Velha, ES: Instituto Pró-Tapir, 2022.



"National Geographic Brasil". Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2021/11/antas-contaminadas-revelam-um-cerrado-doente. Acesso em: 05 de junho de 2023.


“9 pontos sobre como a biodiversidade e a agropecuária estão relacionadas“. Disponível em: https://pp.nexojornal.com.br/perguntas-que-a-ciencia-ja-respondeu/2023/9-pontos-sobre-como-a-biodiversidade-e-a-agropecu%C3%A1ria-est%C3%A3o-relacionadas1. Acesso em: 05 de junho de 2023.

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