
SOBRE NÓS
A Vida no Cerrado, também denominada pela sigla AVINC, é uma associação civil, de natureza filantrópica, sem fins econômicos e sem vínculos político partidários ou confessionais religiosos, com sede em Brasília. O movimento surgiu em julho de 2020 a partir da inquietação de jovens universitários com os desmontes das políticas de proteção ambiental e a acelerada degradação do bioma Cerrado. A AVINC tem o propósito de promover a conscientização da importância ecológica do Cerrado para o Brasil e para o mundo.
OBJETIVOS INSTITUCIONAIS:
-
Promover ações de educação socioambiental, divulgação científica e conscientização da importância ecológica do bioma Cerrado para o Brasil e para o mundo;
-
Engajar e articular jovens brasileiros em prol da preservação da biodiversidade do Cerrado, promovendo a participação política da juventude nos processos de tomada de decisão;
-
Realizar ações de Advocacy Climático, propondo e monitorando agendas ambientais sobre o Cerrado com lideranças, tomadores de decisões e personagens políticos;
-
Ocupar múltiplos espaços e estabelecer diálogos permanentes com diferentes grupos, buscando a construção de uma rede em defesa da preservação do Cerrado; e
-
Possibilitar a capacitação de educadores, estudantes universitários, figuras políticas e outros interessados, colaborando para uma visão de desenvolvimento voltada para a preservação do Cerrado e os sistemas sustentáveis de uso e manejo da terra.
ESTATUTO SOCIAL DA A VIDA NO CERRADO
Acesse o arquivo do nosso Estatuto Social na íntegra:

PORQUE LUTAMOS
Ocupando 22% do território brasileiro, o Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, perdendo em área apenas para a Floresta Amazônica. Ao longo de sua extensão, o bioma apresenta diferentes formações vegetais (savânicas, campestres e florestais), sendo considerado a savana neotropical mais biodiversa do planeta [1,2]. Igualmente, o Cerrado alimenta três das maiores bacias hidrográficas do continente sul-americano e contribui com 43% da água de superfície do Brasil fora da Amazônia [3].
Além de sua grandeza biológica, o Cerrado apresenta grande importância social. Em sua extensão, estão distribuídas 126 terras indígenas, 44 territórios quilombolas, além de incontáveis comunidades tradicionais como os apanhadores de sempre-vivas, as quebradeiras de coco-babaçu, os geraizeiros, os vazanteiros, os ribeirinhos e pescadores tradicionais, dentre outras comunidades que vivem em harmonia com o bioma, e que tiram dele a sua subsistência [4].
Apesar da sua importância ecológica e social, nas últimas cinco décadas, mais de 46% da cobertura vegetal nativa do bioma foi suprimida, provocando a perda da biodiversidade, a diminuição da precipitação e o aumento da temperatura [3,5]. O ligeiro processo de degradação, ocasionado principalmente pela expansão da agropecuária [1], atingiu recorde entre 2016 e 2019, onde a taxa média anual de desmatamento foi proporcionalmente 78% maior do que no Bioma Amazônico [6].
É evidente que o Cerrado carece de políticas de conservação e preservação ambiental. Atualmente apenas 8,36% do bioma encontra-se sob proteção na forma de Unidades de Conservação, longe da meta de 17% proposta durante a Convenção da Diversidade Biológica realizada no ano de 2010 [7] e dos 30% propostos pelo Acordo de Kunming-Montreal no ano de 2022. Infelizmente, nos últimos 13 anos, as áreas protegidas no bioma praticamente não aumentaram [6].
No mesmo sentido, enquanto o Código Florestal Brasileiro determina que 80% da área das propriedades privadas na Amazônia sejam destinadas à conservação, no Cerrado é exigido apenas 35% [8]. Como resultado disso, 40% da vegetação nativa que ainda resta no bioma pode ser convertida em pastagens e monoculturas, de modo que o atual Código Florestal é insuficiente para a preservação da biodiversidade do Cerrado [3].
O último Relatório do Desmatamento elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) demonstrou alta de 25% do desmatamento no Cerrado em 2022, sendo o maior valor dos últimos sete anos. De acordo com o instituto, foi suprimida a vegetação nativa de 10.688,73 quilômetros quadrados de Cerrado.
Além disso, os impactos da Emergência Climática no Brasil são extensos e preocupantes. De acordo com o último Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o aumento da frequência dos eventos climáticos extremos já levou a impactos irreversíveis nos ecossistemas terrestres. O Relatório também alerta para o aumento do risco de extinção de espécies endêmicas em hotspots de biodiversidade à medida que a temperatura média do planeta aumenta [10]. Vale ressaltar que assim como a Mata Atlântica, o Cerrado é um hotspot, apresentando grande números de espécies endêmicas e alto grau de ameaça devido às ações antrópicas.
O Brasil tem um papel importante na pauta ambiental, afinal, é um dos países mais biodiversos do planeta. Assim, a grandeza da biodiversidade brasileira é igualmente proporcional às responsabilidades que devemos assumir frente à Crise Climática e a proteção do meio ambiente. Assim, A Vida no Cerrado é um movimento de juventudes que busca colocar o Cerrado no centro de debate e impedir que a savana mais biodiversa do mundo seja negligenciada. Partindo do mote “conhecer para preservar”, estamos há quase três anos conversando com a população sobre a importância do bioma, bem como propondo e monitorando agendas ambientais sobre o Cerrado com lideranças, tomadores de decisões e personagens políticos.
Saiba mais:
-
KLINK, C. A., MACHADO, R. B. 2005. A conservação do Cerrado brasileiro. In: Megadiversidade. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade no Brasil. Vol 1, 1: 147-155. Belo Horizonte: Conservação Internacional.
-
MITTERMEIER, R. A., TURNER, W. R., LARSEN, F. W., BROOKS, T. M., & GASCON, C. (2011). Global biodiversity conservation: the critical role of hotspots. In Biodiversity hotspots (pp. 3-22). Springer, Berlin, Heidelberg.
-
STRASSBURGS, B. B. N., BROOKS, TFELTRAN-BARBIERI, R., IRIBARREM, A., CROUZEILLES, R., LOYOLA, R., LATAWIECL, A. E., OLIVEIRA FILHO, F. J. B., SCARAMUZZA, C. A. M., SCARANO, F. R., SOARES-FILHO, B., & BALMFORD, A. (2017). Moment of truth for the Cerrado hotspot. Nature Ecology & Evolution, 1(4), 13–15. https://doi.org/10.1038/s41559-017-0099
-
NOGUEIRA, M. C. R. Gerais a dentro e a fora: identidade e territorialidade entre Geraizeiros do Norte de Minas Gerais. Tese (Doutorado em Antropologia Social). Universidade de Brasília – UnB. Brasília, 233 p. 2009. Disponível em <http://www.dan.unb.br/images/doc/Tese_084.pdf>. Acesso em 23 de agosto de 2022.
-
HOFMANN, G. S., CARDOSO, M. F., ALVES, R. J., WEBER, E. J., BARBOSA, A. A., DE TOLEDO P. M., ... & de OLIVEIRA, L. F. (2021). The Brazilian Cerrado is becoming hotter and drier. Global Change Biology, 27(17), 4060-4073.
-
VIEIRA, L. et al. Reviewing the Cerrado's limits, flora distribution patterns, and conservation status for policy decisions. Land Use Policy, v. 115, p. 106038, 2022.
-
MMA, 2011. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Cartilha). Ministério do Meio Ambiente, Brasília, DF.
-
BRASIL. Lei Federal n. 12.651, de 25 de maio de 2012. Novo Código Florestal. Brasília: Senado Federal, 2012.
-
MAPBIOMAS, 2022. Desmatamento em 2021 aumentou 20%, em todos os biomas. Disponível em: https://mapbiomas.org/desmatamento-em-2021-aumentou-20-com-crescimento-em-todos-os-biomas-1. Acesso em: 23 de agosto de 2022.
-
IPCC, 2022. Climate Change 2022: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg2/. Acesso em: 23 de agosto de 2022.
-
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.