Entre a Serra Geral baiana e o goiano Morro do Moleque, o povoado de São João é lar de cavernas apaixonantes, veredas emolduradas por buritis centenários, araras-azuis e vermelhas e gente que ama o Cerrado como um querido e poderoso avô. Localizado no município de São Domingos, em Goiás, o povoado lida com desafios diários ambientais e climáticos: os incêndios florestais aceleram o coração apreensivo; o cerco do agronegócio acima da Serra ameaça a qualidade e garantia da água, tanto no lençol freático quanto nos rios e córregos.
Visitante, quem chega logo descobre que o primeiro dos titãs preda água de córrego, lagoa, riacho e lençol freático. Quando a terra ronca, água canta. Canta pela ameaça da falta, pela contaminação e pelas ferramentas predatórias de captação.
Talvez o principal problema ambiental no Brasil, desde a invasão em 1500, seja o conflito fundiário e a forma com que utilizamos o solo. A terra não apenas ronca, mas ruge em fúria secular. Aqui, o segundo titã é o desmatamento.
Pesadelo marcado na memória de gerações, o fogo é um inimigo comum. Pela chave da educação ambiental, este titã pode se converter em aliado.
O vento traz notícias como quem se preocupa demais. E com razão. Lá de cima, a Serra costura uma tapeçaria que narra os efeitos climáticos já sentidos por gente, vereda, rio e caverna.
Enquanto titãs cercam os territórios de São Domingos, do povoado de São João Evangelista, Parque Estadual Terra Ronca e da Reserva Extrativista Recanto das Araras de Terra Ronca, uma grande cobra adormecida carrega consigo a forma tectônica do fim do mundo.
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