Por aparecer no mapa do Brasil como um quadradinho no meio do Planalto Central, sem registro de grandes inundações ou deslizamentos de terras, o Distrito Federal não é um território com destaque no debate das mudanças climáticas no país. Entretanto, a região reúne desigualdades sociais que potencializam as vulnerabilidades decorrentes de eventos extremos associados ao clima, tais como o estresse hídrico, as ondas de calor, os incêndios florestais e os riscos geológicos.
Pegadas nesta terra contam histórias de vulnerabilidade climática.
Localmente, o principal emissor de GEEs é o setor de mobilidade - ligado ao de energia -, por conta da queima de combustíveis fósseis, derivados do petróleo. O setor de mudanças e transições de uso do solo ocupa o segundo lugar e, em terceiro, está o de resíduos e efluentes, de acordo com o Inventário de Gases do Efeito Estufa no Distrito Federal (2005-2018), divulgado em 2021.
A crônica climática do Distrito Federal parece um pouco com a seguinte pintura: a estação seca se senta à mesa humana por tempo demais, desconfortavelmente prolongada. Chuvas pontuais e intensas lavam as ruas. Calor intenso em ondas nos deixa desnorteados, o risco da água faltar desbloqueia memórias dos anos de 2016, 2017 e 2018. Nas florestas, o fogo descontrolado é ameaça às portas, bate sem aviso prévio e carrega o que combusta.
Quando pensadas justiça ambiental, adaptação climática e formas de manter a qualidade de vida em períodos com eventos extremos associados ao clima, essas pessoas devem ser vistas e terem sua dignidade respeitada. No debate climático, mesmo que o Distrito Federal seja um território pequeno, é necessário direcionar as políticas públicas e práticas de governança climática - dentre elas, adaptação - considerando sua heterogeneidade.
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