CAPÍTULOS
O quanto estamos
vulneráveis no Distrito Federal
Na capital federal, riscos climáticos escancaram vulnerabilidade e alertam para urgência na adaptação das cidades e do meio rural
Maria Alice, A Vida no Cerrado. 18 de dezembro de 2023.
Por aparecer no mapa do Brasil como um quadradinho no meio do Planalto Central, sem registro de grandes inundações ou deslizamentos de terras, o Distrito Federal não é um território com destaque no debate das mudanças climáticas no país. Entretanto, a região reúne desigualdades sociais que potencializam as vulnerabilidades decorrentes de eventos extremos associados ao clima, tais como o estresse hídrico, as ondas de calor, os incêndios florestais e os riscos geológicos.
Pegadas nesta terra contam histórias de vulnerabilidade climática.
Localmente, o principal emissor de GEEs é o setor de mobilidade - ligado ao de energia -, por conta da queima de combustíveis fósseis, derivados do petróleo. O setor de mudanças e transições de uso do solo ocupa o segundo lugar e, em terceiro, está o de resíduos e efluentes, de acordo com o Inventário de Gases do Efeito Estufa no Distrito Federal (2005-2018), divulgado em 2021.
A crônica climática do Distrito Federal parece um pouco com a seguinte pintura: a estação seca se senta à mesa humana por tempo demais, desconfortavelmente prolongada. Chuvas pontuais e intensas lavam as ruas. Calor intenso em ondas nos deixa desnorteados, o risco da água faltar desbloqueia memórias dos anos de 2016, 2017 e 2018. Nas florestas, o fogo descontrolado é ameaça às portas, bate sem aviso prévio e carrega o que combusta.
Quando pensadas justiça ambiental, adaptação climática e formas de manter a qualidade de vida em períodos com eventos extremos associados ao clima, essas pessoas devem ser vistas e terem sua dignidade respeitada. No debate climático, mesmo que o Distrito Federal seja um território pequeno, é necessário direcionar as políticas públicas e práticas de governança climática - dentre elas, adaptação - considerando sua heterogeneidade.
SOBRE